28 fevereiro 2011

FERREIRA DE CASTRO

A maior parte do romance "A SELVA", Ferreira de Castro narra a difícil vida dos seringueiros que eram (e não são actualmente?) sepultados vivos na selva.

Pessoas humildes, analfabetas e muito pobres, o seringueiro aceitava que lhe pagassem a viagem em troca de, depois de instalado, ir pagando com a borracha extraída. No entanto este era o início do esquema que levava o seringueiro a ficar totalmente dependente do patrão acabando por cair na escravidão. No seringal, ele era obrigado a comprar tudo o que consumia e necessitava ao patrão (nada mais havia do que kms e kms de floresta cheia de perigos) e via o preço da borracha, que tão dificilmente extraia, ser-lhe pago de uma forma miserável. Ou seja, era explorado e dessa forma a sua conta corrente ia aumentando e nunca mais conseguia pagar o que devia.


Ferreira de Castro expõe essa relação desonesta entre patrão e seringueiro, demonstrando a exploração e a escravatura encoberta.

”como podia ser, como podia ser que as vítimas saboreassem também o papel de algoz? De que sórdida matéria era formada a alma de alguns homens, que gozavam em castigar a desgraça alheia, mesmo quando era igual à deles?”


As datas da placa:

1898.Maio.24 - Nasce em Salgueiros, Ossela, Oliveira de Azemeis.
1911.Janeiro.07 - Embarca em Leixões rumo a Belém do Pará (Brasil).
1930.Maio.30 - Morte da sua companheira. Ano da Publicação de "A SELVA", que foi escrita de... 9 de Abril a 29 de Novembro de 1929, em plena Amazónia.
1974.Junho.29 - Morre, no Hospital de Santo António, no Porto.
1988 - Ano da Homenagem ao romancista português mais traduzido e lido em todo o Mundo.
Em 31.Maio.75 os restos mortais de Ferreira de Castro são sepultados numa encosta da Serra de Sintra, a caminho do Castelo dos Mouros, cumprindo-se a sua vontade.
(*) Em Junho de 1984 estive sentado no banco, em pedra, onde Ferreira de Castro escrevia e contemplava a paisagem poética da Serra de Sintra e seus arredores.
(*) colaboração de António Tavares

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