29 abril 2011

O ESTADO E A REVOLUÇÃO - LENINE



(Porto - edição de 1970 - 'Biblioteca Meditação')

F.E.C. (m.l) NO PORTO EM ABRIL DE 1975

FEC-ML  (Frente Eleitoral Comunista Marxista LENINISTA), do seu comicio no Porto em Abril de 1975.


Manifestação de apoio à F.E.C. (m-l)



(Em jornal "Diário Popular" de 15-4-1975)

24 abril 2011

EMBAIXADA DE CUBA EM LISBOA - Atentado 22 Abril 1976


El 21 de abril de 1976, terroristas atentan contra la residencia del Cónsul cubano en Lima, Perú. Al día siguiente el 22 de abril, alrededor de las cuatro y cuarenta de la tarde, cuando los hijos de los funcionarios cubanos estaban a punto de regresar de la escuela, se produjo la explosión de una bomba de alto poder destructivo en la Embajada de Cuba en Lisboa, donde murieron los funcionarios Adriana Corcho Calleja y Efrén Monteagudo Rodríguez.

Por Pedro Etcheverry Vázquez y José Luis Méndez Méndez
(tradução directa de Carlos Filipe)
A partir de Abril de 1974, depois que o terrorista Orlando Bosch Ávila, se “escapou” do território dos Estados Unidos com a anuencia das autoridades, os actos terroristas contra as representações cubanas no exterior aumentaram.
Era o primeiro ano dos chamados Anos de Terror, que entre 1974 e 1976 aumentaram em espiral as agressões contra Cuba. No total nesses anos, foram executados 165 actos de terror contra representações e pessoal cubano em 24 países.
O 20 de Janeiro de 1976, assumiu funções como director da CIA, George H. W. Bush, que como oficial do caso nessa Agencia, havia participado em planos contra Cuba durante os anos sessenta. A partir de então, entretanto os grupos terroristas de Miami fortaleciam as suas relações com o clã de Bush, e incrementaram suas agressões contra os interesses de Cuba no exterior.
Desde Novembro de 1975, Cuba havia decidido aceder solidariamente ao pedido de Angola, que após uma longa luta contra o colonialismo português, havia alcançado sua independência e tratava de consolidá-la. Enfrentava os ataques de forças inimigas e a invasão da África do Sul no seu território. Este gesto legitimo, foi esgrimido como pretexto da administração republicana de Gerar R. Ford para interromper a ronda de conversações que se realizavam entre representantes de Cuba e Estados Unidos, para distender as relações. A partir desse momento os grupos terroristas de origem cubana sediados na Flórida, receberam luz verde para actuar na chamada Guerra pelos Caminhos do Mundo (Guerra por los  Caminos del Mundo), projecto criado para agredir e amedrontar os representantes de Cuba no mundo.
Sucederam e incrementaram-se os actos de terror.
A 13 de Agosto de 1975, o Embaixador de Cuba na Argentina, Emilio Aragonés Navarro, foi vitima de um atentado terrorista.
A 17 Novembro do mesmo ano uma bomba deflagrou na Embaixada de Cuba na Venezuela. No dia 28, novamente uma carta armadilhada foi enviada à mesma sede diplomática em Caracas.
E no mesmo dia, um objecto explosivo destruiu o automóvel oficial do Embaixador de Cuba no México.
A 21 de Abril de 1976, terroristas atentam contra a residência do Cônsul cubano em Lima, Peru.
No dia seguinte a 22 de Abril, por volta das 16:40, quando os filhos dos funcionários cubanos estavam prestes a regressarem da escola, produziu-se a explosão de uma bomba de alto poder destrutivo na Embaixada de Cuba em Lisboa, aonde morreram os funcionários Adriana Corcho Calleja e Efrén Monteagudo Rodríguez, de 35 e 33 anos respectivamente. A explosão também provocou ferimentos em Alberto Álvarez Alfonso.
A bomba foi colocada na escadaria, junto à porta de um dos apartamentos que ocupava a sede diplomática no sexto piso do edifício. Adriana detectou a presença da carga explosiva e compreendendo o perigo, alertou os companheiros retirando-se para o interior para tomar as medidas de segurança pertinentes, quando foi surpreendida pelo estalido. Os dois pisos que ocupava a representação cubana sofreram grande destruição e os vários apartamentos próximos também sofreram consideráveis danos.
A escolha dos terroristas da sede diplomática na capital de Portugal para dinamitá-la, não foi por acaso, foi feito com toda a intenção e premeditação para atemorizar as autoridades cubanas, pela presença internacionalista em Angola e o decidido apoio dado por Cuba à causa independentista de outras colónias portuguesas em África.
Este pretexto seria utilizado em 11 de Junho do mesmo ano para a criação do plano criminoso da chamada Coordenação de Organização Revolucionárias Unidas, CORU, plano terrorista que encarregaria de executar dezenas de outros actos de terror como o realizado em Lisboa.
Em 8 de Julho de 2011, um jurado norte-americano na corte de El Paso, Texas, exonerou dos seus cargos por ter subestimado as dezenas de evidencias apresentadas e demonstradas durante mais de treze semanas que duraram as provas sobre a actividade do terrorista Luis Posada Carriles.
Enquanto o gestor da CORU, Orlando Bosch Ávila, vive placidamente como honrado cidadão em Miami depois de ser indultado por seu anteriormente chefe na CIA, George H. W. Bush, então como Presidente dos Estados Unidos, inclusive contra o parecer do Departamento de Justiça, que considerou que Bosch era um terrorista e ameaçava a segurança nacional de esse país por tal condição.
Hoje 22 de Abril quando se cumprem 35 anos do acto terrorista realizado contra a Embaixada de Cuba em Lisboa.
  

23 abril 2011

19 abril 2011

BAIXAS MILITARES DURANTE A GUERRA COLONIAL


Nota: Sendo a superficíe da Guiné Bissau infinitamente menor que Angola ou Moçambique, com considerável parte do seu território alagado de água, foi aonde houve um maior número de vitimas portuguesas em combate.

15 abril 2011

PADRE MANUEL VIEIRA PINTO

Nas efemérides do Diário de Noticias de 11 de Abril de 2011, vinha este texto recordando o padre que no contexto do "Movimento por um Mundo Melhor" de que era um grande dinamizador era o que tinha estrutura superior...
Conversei muito com ele sobre a Guerra em África, ainda sem saber quando e como seria chamado.



Aqui como Bispo de Nampula.
Na sequência do Bispo da Beira, Sebastião de Resende, percebeu como a presença Portuguesa em África poderia (deveria) ter sido diferente...foi o que foi e claro a História fez o resto. O pior foram os prejuizos e sofrimentos que acarretaram e acarretam...

 
Grupo de estudantes da Universidade de Coimbra que, em 1966 na praia de Mira, estiveram reunidos em torno do Movimento por um Mundo Melhor, dinamizado pelo então padre Manuel Vieira Pinto.

(Colaboração de Luís Coelho)

COLONIALISMO PORTUGUÊS - FEITIÇO CONTRA O FEITICEIRO


A POLÍTICA COLONIAL FASCISTA, SUSTENTÁCULO E JUSTIFICAÇÃO DO REGIME, ACABOU POR PROVOCAR A SUA PERDA - QUANDO O BECO SEM SAÍDA DAS CONTRADIÇÕES GERADAS PELO COLONIALISMO PORTUGUÊS O FECHOU SOBRE SI PRÓPRIO.

  A relativa – e, à primeira vista, surpreendente – facilidade com que o golpe militar de 25 Abril desmantelou a armadura defensiva e repressiva do aparelho fascista, viria revelar-nos subitamente a imagem exemplar de um regime devorado pelas suas próprias contradições. Contradições cuja extensão e profundidade eram mascaradas por um aparato político e militar de facto impotente, mas ainda aparentemente sólido e eficaz.
  O fracasso da intentona das Caldas de Rainha, apenas um mês antes, viera, aliás, radicar a convicção de que o regime, marcando então uma viragem ainda mais à direita, se encontrava suficientemente firme para fazer face a qualquer ameaça que pudesse pôr em risco a sua sobrevivência.  Tratava-se afinal de um canto de cisne: os corpos médios da hierarquia militar haviam conseguido, entretanto, consolidar o isolamento entre a autoridade dos altos comandos e a base do exército. Estavam reunidas as condições para a queda do regime.

                                        DO IMPASSE À CORROSÃO

  Prisioneiro de si mesmo, incapaz de adaptar o aparelho de Estado às novas linhas de força do capitalismo português, que impunham uma mudança de estratégia colonial (1) o regime encontrou-se perante o impasse militar que o avanço irreversível dos movimentos de libertação, sobretudo na Guiné e em Moçambique, tornava dia a dia mais evidente. Ora, esse impasse não podia deixar de repercutir-se fundamente nas fileiras do exército, sobretudo entre os quadros militares que, em contacto mais directo com as realidades da guerra - ao contrário do que sucedia com as altas patentes -, se apercebiam progressivamente da impossibilidade de uma vitória no campo das armas. Por outro lado, as necessidades do recrutamento em massa e a carência de quadros – impondo a rápida promoção estranhos à hierarquia militar clássica, como é o caso dos milicianos -, vieram abalar a coesão interna do exército. As condições objectivas e subjectivas propícias a uma agudização das contradições provocaram, assim, um processo de corrosão acelerada e profunda no monolotismo tradicional do bloco militar.
  Por outro lado, o bloqueamento da fase inicial de “liberalização” marcelista mostrou até que ponto as estruturas do regime e o peso das suas bases de apoio tradicionais não suportavam – sem se exporem ao risco da desagregação – as consequências que as adaptações políticas às novas realidades não poderiam deixar de produzir. O dilema do regime acabou por tornar-se num beco sem saída. Ou aceitava essas consequências e condenava-se a desaparecer como regime; ou recusava-as, como efectivamente sucedeu, e via-se obrigado a ter de aceitar a sua queda.

                                       O PESO DOS MITOS IDEOLÓGICOS

  No plano “ultramarino”, a incapacidade em operar a passagem a nível político – apesar das titubeantes adaptações efectuadas no estatuto das “províncias de além mar” – da fase do colonialismo clássico para uma fase neocolonial, deriva também dos próprios mitos ideológicos que, criados e persistentemente difundidos pelo regime como justificação de legitimidade para a sua política de “unidade nacional”,  não podiam deixar de fazer com que o feitiço se voltasse contra o feiticeiro. Com efeito, o regime acabou por ver a sua sobrevivência condicionada pela perpetuação dos mitos com que irreversivelmente se identificara. Por outras palavras: a falência desses mitos arrastariam consigo a falência do regime.
  A defesa intransigente do mito da “integridade territorial” do Portugal “pluri-continental e multi-racial” não admitia excepções. Aceitar, por exemplo, a independência da Guiné (território sem interesse económico, numa perspectiva de exploração colonialista) era abrir uma brecha fatal, a breve prazo, na coerência do edifício ideológico com que o imperialismo português procurava justificar-se aos olhos de uma Nação mantida sob pressão constante das “verdades indiscutíveis”. Ora a manutenção da Guiné, para além de não ter razão de ser para a exploração económica colonial, mostrava-se cada vez mais insustentável no plano militar.

                                         A OPERAÇÃO “ULTRA”

  A intentona projectada recentemente pelos “ultras – e que em Dezembro passado provocou considerável efervescência nos meios politicos e militares – procurava uma saída desesperada para esse impasse. Tratava-se, em principio, de aceitar, pragmaticamente, a “entrega” da Guiné ao PAIGC, concentrando e intensificando, entretanto, o esforço militar em Moçambique e Angola, de acordo com a estratégia, defendida nomeadamente por Kaulza de Arriaga e Adriano Moreira, de construção de um grande bloco África Austral-Brasil-Portugal. Só que o Brasil, virado decididamente para relações directa com Estados da faixa litoral africana, não parecia disposto a comprometer o futuro dessas relações em troca de uma aventura de horizontes nebulosos , tanto mais que o desenvolvimento da acção dos movimentos de libertação nos territórios sob dominação portuguesa e nos Estados racistas sul-africanos, além da pressão diplomática internacional, ameaçavam os participantes dessa aventura de um perigoso isolamento na cena mundial. Aliás, a nova fase política do regime brasileiro aberta com a presidência  do general Ernesto Geisel, veio afastar ainda mais as já de si remotas hipóteses  de concretização do projecto. Finalmente, as manobras de sedução desenvolvidas junto dos meios mais activos do exército português, para captar apoio a um «putsch» encabeçado pelos sectores extremistas da reacção, erraram completamente o alvo: as tendências dominantes, porque mais dinâmicas no seio de um aparelho militar esclerosado, polarizavam-se já à volta do “movimento dos capitães” tendo como guia inspirador o general Spínola, a quem a experiência concreta da guerra da Guiné fizera compreender a impossibilidade de uma solução militar para o problema colonial. E a politização  crescente do movimento, ultrapassando reivindicações estritamente profissionais, foi favorecida pela hostilidade cada vez mais acentuada que se lhe deparou por parte do aparelho fascista, forçando os seus adeptos a uma actuação semi-clandestina. Também aqui, a repressão faria voltar o feitiço contra o feiticeiro.

                                                O PRINCIPIO DO FIM

  De facto,  quando os “ultras” parecem regressar em força depois do afastamento dos generais Spínola e Costa Gomes da chefia do Estado Maior General das Forças Armadas e do fracasso sequente da “intentona” das Caldas, esta última guinada ainda mais à direita do regime ( que Marcello Caetano, numa das suas novas piruetas na corda bamba do poder, sancionara em desespero de causa ) era apenas o principio do fim. O avolumar da tensão entre as fileiras militares era a tal ponto pronunciado que o regime se vê constrangido à prudência e à moderação: é isso que ressalta do estilo significativamente brando e paternal com que Marcello Caetano se refere, na sua última “conversa em família”, ao levantamento da Caldas da Rainha. A eminência da eclosão de um movimento militar crepitava em surdina, de novo, nas últimas semanas. Mas o aparelho militar “fiel” e escudo repressivo do fascismo já se encontravam minados pela base, para poderem oferecer resistência duradoura e eficaz. O derradeiro golpe teatral de Marcello Caetano – prisioneiro também das ilusões em manter as rédeas do poder, jogando alternadamente com “gregos” e “troianos” do regime, sem se aperceber de que o oportunismo é uma carta viciada – chegou a ser confundido com uma posição de força: mas a corte política marcelista, instalada nas cadeiras de São Bento em “representação da Nação”, ou no comando da administração pública, não passavam já de tristes figurantes de uma ópera-bufa.

                                               UM FRUTO PODRE

  É assim que o regime cai como um castelo de cartas. Os focos de reacção ao golpe de 25 de Abril acabaram por limitar-se, sobretudo, à policia política. A facilidade com que o movimento militar triunfante controlou quase de imediato a situação nas colónias – quando se chegara a levantar a possibilidade de resistência – veio mostrar que também aí o terreno se encontrava minado.

  Foi deste modo que o país assistiu à derrocada de um regime que ainda dias atrás, escudado nas aparências espectaculares de um poder que já não controlava verdadeiramente, parecia ainda capaz de fazer frente de novo ao choque das tensões avolumadas. Mas embora a casca escondesse a peçonha, o fascismo caiu da árvore fatal das suas contradições, como um fruto podre.

                                                                      (*)    VICENTE JORGE SILVA 


( 1 ) Contrariamente  a algumas análises apressadas e ligeiras de certa imprensa estrangeira ( Le Monde, por exemplo ) o grande capital, particularmente os dois grupos principais – CUF e Champalimaud -, declarava decididamente adepto de uma estratégia neo-colonialista. As contradições entre a política do regime e os interesses do grande capital, que ultimamente se vinham agudizando ( as recentes criticas de António Champalimaud à política económica do governo de Marcello Caetano, que a censura procurou silenciar, mostrando-se, a esse respeito, fortemente elucidativas ), não são estranhas também à vulnerabilidade do aparelho fascista.

  A desadaptação do modelo político em relação às novas realidades dominantes a nível económico, de que a lei de pagamentos inter-territoriais era instrumento – ao consagrar a liquidação da exploração colonial primitiva, de “saque” – foi igualmente sintomática das contradições apontadas acima.

( * ) Texto de Vicente Jorge Silva, publicado em " Comércio do Funchal " de Maio de 1974. Com a devida vénia.

DEZEMBRO 1960 - CONTROLE AMERICANO NA 'ONU'

Em " Século Ilustrado " de 24 Dezembro de 1960.
A leitura desta noticia requer a descodificação necessária, visto ter sido publicada no auge do fascismo e consequente controle da informação em Portugal.


14 abril 2011

INTRODUÇÃO DE UM ESCRITO FUTURO

" DA GUERRA NUNCA SE VOLTA " 

Trata-se de uma súmula do livro com o mesmo título, em preparação, e de um outro já publicado : GUERRA COLONIAL, A MEMÓRIA MAIOR QUE O   PENSAMENTO. Pretende-se, como o subtítulo evoca, assinalar os 50 anos  do início da Guerra Colonial e os 37 da Revolução de Abril.

    Índice dos Capítulos :

             1. INTRODUÇÃO
             2. O COLONIALISMO COM OS DIAS CONTADOS
             3. A LUTA DE LIBERTAÇÃO EM ÁFRICA
             4. A COLONIZAÇÃO DA GUINÉ
             5. A LENDA DO MONOMOTAPA
             6. A COLONIZAÇÃO DE MOÇAMBIQUE
             7. A CHEGADA DOS PORTUGUESES A ANGOLA
             8. A COLONIZAÇÃO DE ANGOLA I
             9  A ESCRAVATURA E O CAPITALISMO
            10. A COLONIZAÇÃO DE ANGOLA II
            11. NAS VÉSPERAS DA LUTA DE LIBERTAÇÃO
            12. ANGOLA, 4 DE FEVEREIRO DE 1961


 
      " DA GUERRA NUNCA SE VOLTA "

   [ NOS 50 ANOS DO INÍCIO DA GUERRA COLONIAL , NOS 37 ANOS DA REVOLUÇÃO DE ABRIL ]


      INTRODUÇÃO

       Rosa de sangue em ferida aberta, perene, definitiva…Da guerra nunca se volta !
       Cinquenta anos é muito tempo para a limitada vida humana, um pequeno lapso na Historia da Humanidade, um raio de luz na incomensurável dimensão do espaço-tempo da vida telúrica do planeta.
       È tempo suficiente todavia, para conhecer em toda a dimensão a tragédia individual e colectiva que foi a Guerra Colonial, travada por Portugal contra os povos das colónias de Angola, Guiné e Moçambique, de  1961 a 1974.
      Mais de um milhão de portugueses trazem no coração e na memória (alguns milhares no próprio corpo ! ), as recordações dos sacrifícios, das misérias, das desgraças, do sangue e da morte, que marcaram de forma indelével a vida de quem por lá passou. Como também a vida dos milhões de familiares que sofriam no silêncio vigiado da ditadura, na Pátria agrilhoada, as penas da separação e da perda.
       Vão aparecendo as imagens, as fotos, as palavras que dão a dimensão do drama, em documentários, em livros, em blogues, na televisão. Os olhos marejam-se de lágrimas do mar salgado que levava um mês a atravessar até ao outro lado do mundo que diziam ser nosso, mas onde só íamos encontrar miséria, exploração, morte.
      Há infinitamente mais para contar, para clarificar, para compreender dessa tragédia nacional que durante 13 anos roubou a juventude aos homens, a alegria às mulheres, a dignidade à Pátria, o futuro ao País (quase 50 mil mortos, estropiados e feridos graves ). È preciso esgaravatar no fundo do coração e da alma dos homens tristes, indignificados, com síndromes e sequelas terríveis, que o tempo não resolve. Só assim farão a paz com a vida, ajudando simultaneamente a Pátria a encontrar-se com a sua História. Que tem de ser feita com profundidade, com coragem, sem embustes ou verdades convenientes.
      Sobretudo sem branquear as questões fundamentais que  arrasam Portugal desde esses tempos de tirania e fascismo, e que depois de um breve hiato de esperança e transformação revolucionária ( 25 de Abril dos militares patriotas com o povo ! ), voltaram a afundar-nos no atraso, na indigência, na injustiça social pela riqueza  obscenamente mal repartida.
      È na década perdida de 60 do século XX, que radica o nosso atraso estrutural, a distrofia financeira de um regime simultaneamente colonizador e colonizado, com uma economia de capital monopolista de grandes grupos que se serviam e nunca serviram a Nação! Paradoxalmente, são os negócios de guerra e as remessas dos emigrantes que lhe dão uma relativa dinâmica, nesses tempos a que os apóstatas do sistema ( as camadas possidentes e beneficiárias ) chamam de “anos de ouro”.
      Cinquenta anos depois o mesmo sistema capitalista de sempre, e o mesmo tipo de políticos seguidistas e comprometidos com o capital, arrasam a economia nacional, empobrecem os portugueses, hipotecam a soberania e o futuro, põem-nos outra vez na cauda da Europa.
      Com o congelamento e o corte nas pensões, com o aumento dos impostos, com a degradação dos cuidados sociais e de saúde, a geração da guerra fica mais longe da dignidade, da superação dos traumas, da cura dos síndromas. Agrava-se a tristeza de ver os filhos e os netos sem futuro, sem alegria, outra vez a caminho da emigração, alguns até nos trilhos de sangue de outras guerras.
      Esta não é, não pode ser uma má sina de Portugal. É preciso que o povo português se levante e diga não, e, como há 37 anos , ajude a mudar a História!

                                                  Barreiro, 11 de Abril de 2011
     
                                                    Armando de Sousa Teixeira

13 abril 2011

10 abril 2011

HERÓIS PELA LIBERDADE

Em 1978 chegaram a Portugal, os restos mortais de 32 portugueses que morreram no campo do Tarrafal.

Heróis da liberdade por muitos desconhecidos, que sofreram e morreram pela liberdade do seu povo nas masmorras da Pide-Dgs.
Esta policia politica fascista portuguesa, prendeu, torturou e matou, muitos combatentes da liberdade, trabalhadores e camponeses que se opunham ao fascismo e colonialismo.


(foto do jornal ''Diário de Noticias'')

INQUIETUDE COLONIALISTA DE AGORA

O cenário repetiu-se ano após ano.
O ditador  Oliveira Salazar, seguido por Marcelo Caetano, por incapacidade e morte daquele, elegeu o Terreiro do Paço (em Lisboa) como palco das comemorações do Dia de Portugal, que serviam de exaltação da guerra colonial.
Mães e viúvas choravam, crianças de olhar vazio ficavam ao peito com a medalha do pai que nunca mais voltaria e algumas nem sequer tinham chegado a conhecer.
Os discursos sucediam-se, como uma missa cantada, enaltecendo a estratégia do regime fascista, falava-se de pátria, de dever a cumprir, de gesta, para justificar toda a barbaridade colonial, a fome e a sangria da juventude portuguesa.


A 10 de Junho de 1966, com as varandas da Praça do Comércio engalanadas, o vice-reitor da Universidade de Coimbra, Miranda Barbosa, proclamava no seu discurso:
« Se a Índia não pôde salvar-se com a espada da justiça, não poderá salvar-se Portugal em África sem a justiça da espada ».
Viu-se. Passados alguns anos, a justa luta dos Movimentos de Libertação, lutando pela independência dos seus povos, contribuíram também para a queda do fascismo e colonialismo em Portugal.

05 abril 2011

DETERMINO E MANDO PUBLICAR - Galomaro, Guiné Bissau Maio 1972

Galomaro, região situada na Zona Leste da Guiné Bissau, já com áreas populacionais controladas politica e organicamente pelo PAIGC.
Batalhão Caçadores 3872 (BCAÇ3872), cuja Companhia de Comando e Serviços (CCS) se encontrava em Galomaro.

Vista aérea do aquartelamento da CCS do BCaç3872 -  (créditos de António Tavares)
Não é objectivo agora, o aspecto militar que contudo é reflectido nesta « Ordem de Serviço nº122 » de 23 de Maio de 1972.


MFA - Um Editorial de Junho 1975


SALGUEIRO MAIA 1944 - 1992 Abril

SALGUEIRO MAIA que morreu a 4 de Abril de 1992 . (n. 1944) foi um dos capitães do Exército Português que liderou as forças revolucionárias durante a Revolução do dia 25 de Abril de 1974.
Nessa madrugada, foi da seguinte forma que se dirigiu aos seus homens , na parada da Escola Prática de Cavalaria, em Santarém:


"Meus senhores, como todos sabem, há diversas modalidades de Estado. Os estados sociais, os corporativos e o estado a que chegámos. Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos! De maneira que, quem quiser vir comigo, vem para Lisboa e acabamos com isto. Quem for voluntário, sai e forma. Quem não quiser sair, fica aqui!"

Todos os 240 homens que ouviram estas palavras, ditas da forma serena mas firme, tão característica de Salgueiro Maia, formaram de imediato à sua frente. Depois seguíram para Lisboa e marcharam sobre a ditadura.
Foi Salgueiro Maia quem comandou a coluna de blindados que, vinda de Santarém, montou cerco aos ministérios do Terreiro do Paço forçando, já no final da tarde, a rendição de Marcelo Caetano, no Quartel do Carmo. Salgueiro Maia escoltou Marcelo Caetano ao avião que o transportaria para o exílio no Brasil.

04 abril 2011

SINAIS DO 16 Março 1974

Nove dias após as Comissões Executiva e Consultiva dos Combatentes do Ultramar – que há alguns meses haviam realizado um Congresso no Porto, com conhecidas repercussões políticas – terem enviado um telegrama de apoio à política defendida e reafirmada por Marcelo Caetano no seu último discurso na Assembleia Nacional, uma representação de oficiais generais dos três ramos das Forças Armadas deslocam-se a S. Bento, para afirmarem ao presidente do Conselho o seu apoio à política ultramarina do governo. O general Paiva Brandão justifica a presença daquela representação afirmando:

‘’ As Forças Armadas não fazem política, mas é seu imperioso dever, e também da nossa ética, cumprir a missão que nos for determinada pelo governo legalmente constituído ‘’.

E concretizando esta declaração de princípios, adianta: ‘’ A corporação militar, independentemente das armas em que se diversifica, constitui uma organização coerente e harmónica, pronta a cumprir a missão que lhe é determinada. A lealdade e a disciplina são atitudes fundamentais que o militar não poderá deixar de manifestar nas suas relações hierárquicas ‘’.

Em resposta, o Prof. Marcelo Caetano – numa alusão indirecta a questões particularmente prementes – declara:

‘’ O chefe do governo escuta e aceita a vossa afirmação de lealdade e disciplina. A vossa afirmação de que as Forças Armadas não só não podem ter outra política que não seja a definida pelos poderes constituídos da Republica, como estão, e têm de estar, com essa política quando ela é a da defesa da integridade nacional. ‘’.
‘’ Não precisava eu de ver reiterada a afirmação desses princípios, porque sei que são os vossos, mas é necessário que o País o saiba também ‘’.


O chefe do governo conclui em tom categórico:
‘’ O País está seguro de que conta com as suas Forças Armadas. E em todos os escalões destas não poderão restar dúvidas acerca da atitude dos seus comandos ‘’.

É divulgado o despacho que exonera os generais Costa Gomes e António Spínola dos cargos de chefe e vice-chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas.
Um outro despacho nomeia o general Joaquim da Luz Cunha, antigo ministro do Exército entre 1962 2 1968 e ultimamente comandante chefe das Forças Armadas em Angola, para suceder ao general Costa Gomes.
O general Spínola tomara posse do cargo de vice-chefe do Estado Maior General das Forças Armadas em 17 Janeiro 1974.