06 dezembro 2010

Carlucci - Embaixador americano desmascarado em Portugal

( Em 'Diário de Noticias' Nov. 1975 )


"O proprietário do Grupo Carlyle, Frank Carlucci, tornou-se «o homem que é necessário conhecer» em Washington. Senta­‑se, com efeito, no conselho de administração de numerosas sociedades e influi notavelmente sobre a política externa e de defesa dos Estados Unidos. De Kinshasa à Tanzânia, passando pelo Brasil e Portugal, foi implicado em vários golpes de Estado. É, ainda hoje, o alter ego de Donald Rumsfeld com quem compartilhou o seu quarto de estudante e conduziu toda a sua carreira na CIA, no Conselho Nacional de Segurança, no Pentágono e nos negócios.


...De 1969 a 1974, Carlucci foi afectado a Washington em diversas administrações. Primeiro no Gabinete das Oportunidades Económicas (OEO) da Casa Branca. A pedido do presidente Nixon, o seu amigo Donald Rumsfeld acabava de tomar a direcção demitindo­‑se da Câmara dos Representantes [7], ele tornou-se o assistente. Seguidamente, Carlucci foi nomeado subdirector do Gabinete do Pessoal e do Orçamento (OMB) quando Rumsfeld foi encarregado do Programa de Estabilização Económica [8]. Trabalhou então sob a autoridade de Caspar Weinberger, que seguiu, em 1973, para o departamento da Saúde, da Educação e do Bem-estar, mas conservou ligações com Donald Rumsfeld que deixou Washington para se tornar embaixador na NATO.

Em 1974, Henry Kissinger inquietou-se com a evolução de Portugal. Jovens oficiais acabavam de libertar o país da ditadura de Salazar durante a “revolução dos cravos”. O poder deslizava lentamente para a extrema esquerda do governo militar. Ora, Portugal, com nomeadamente os Açores, era indispensável à NATO. O general Vernon Walters, que se tinha tornado subdirector da CIA, pôs em evidência a incapacidade do embaixador dos Estados Unidos em Lisboa de opor-se ao perigo. Com Donald Rumsfeld, que se tinha tornado director de gabinete do presidente Gerald Ford, convenceu Kissinger a escolher Frank Carlucci para retomar a situação em mão e fê­‑lo nomear novo embaixador em Lisboa. Chamou a si imediatamente os seus antigos colaboradores da CIA no Brasil e fez mesmo vir 80 agentes dos serviços brasileiros. A operação foi frustrada in extremis pelo governo português. Na rádio nacional, Otelo Saraiva de Carvalho, líder histórico da revolução, instou o embaixador dos EUA a deixar o país o mais rapidamente possível [9]."

Amigo pessoal de Donald Rumsfeld, aquele da guerra do Iraque, lembra-se?
Uma vida com muita "história" vêr em  http://infoalternativa.org/usa/usa037.htm

1 comentário:

Jaime Pereira disse...

O chefe da "5ª Coluna" no seu melhor!...