Depoimento confirma que EUA desrespeitavam Convenção de Genebra deliberadamente. Eric Schmitt e Douglas Jehl, do New York Times, 18/05/2004
O oficial americano que estava encarregado dos interrogatórios na prisão de Abu Ghraib disse para um alto investigador do Exército que os oficiais de inteligência às vezes instruíam a polícia militar a forçar os presos iraquianos a ficarem nus, e para acorrentá-los antes dos interrogatórios. Mas ele disse que tais medidas não foram impostas "a menos que houvesse bons motivos".
ATENÇÃO: Avisamos que não deve continuar a lêr o artigo se for menor de 18 anos e/ou ser uma pessoa sensível,etc, devido ao facto de apresentar-mos imagens que o podem chocar terrivelmente! Todo o artigo não é do autor deste post.
ATENÇÃO: Avisamos que não deve continuar a lêr o artigo se for menor de 18 anos e/ou ser uma pessoa sensível,etc, devido ao facto de apresentar-mos imagens que o podem chocar terrivelmente! Todo o artigo não é do autor deste post.
O oficial, o coronel Thomas M. Pappas, comandante da 205ª Brigada de Inteligência Militar, também disse ao investigador, o general-de-divisão Antonio M. Taguba, que sua unidade não tinha "um sistema formal em vigor" para monitorar as instruções que davam aos guardas militares, que trabalhavam estreitamente com os interrogadores na preparação dos presos para as entrevistas. Pappas disse que "deveria ter feito mais perguntas" sobre os abusos cometidos ou encorajados por seus subordinados.
As declarações de Pappas, contidas na transcrição de uma entrevista de 11 de Fevereiro que faz parte do relatório confidencial de 6 mil páginas de Taguba, oferece a maior confirmação até ao momento, de que os soldados da inteligência militar orientavam os guardas militares na preparação dos interrogatórios. Essas declarações, também fornecem os primeiros vislumbres por parte de um alto oficial de inteligência da prisão, do relacionamento entre seus soldados e a polícia militar. Partes das declarações juramentadas de Pappas foram apresentadas para o "New York Times" por um funcionário do governo que leu a transcrição.
O depoimento dos guardas e presos, em uma audiência preliminar de um soldado acusado de abuso, apontou que as ordens dos interrogadores em Abu Ghraib estavam próximas do abuso visto nas fotografias no centro do escândalo na prisão.
As técnicas de interrogatório descritas por Pappas foram usadas em presos que eram protegidos pela Convenção de Genebra, que proíbe tratamento coercivo e desagradável de prisioneiros. Oficiais militares disseram na segunda-feira que os Estados Unidos tinham abandonado discretamente, meses atrás, um plano anterior de designar como combatentes ilegais alguns dos prisioneiros capturados pelas forças americanas no Iraque. Nenhum prisioneiro no Iraque foi classificado como combatente ilegal.
Isto significa que mesmo os combatentes estrangeiros e os supostos membros da Al Qaeda capturados no Iraque, juntamente com os iraquianos capturados como presos de guerra e rebeldes, permaneciam protegidos pela Convenção de Genebra.
A opção de designar os prisioneiros capturados no Iraque como combatentes ilegais "não foi excluída, mas isto não está sob consideração", disse um alto oficial militar.
O papel dos oficiais da inteligência militar e interrogadores civis em Abu Ghraib ainda está sob investigação do general-de divisão, George R. Fay, o vice-chefe da inteligência do Exército.
Pappas confirmou em suas declarações que a sua unidade implementou várias mudanças recomendadas pelo general-de divisão Geoffrey D. Miller, chefe das operações de detenção em Guantánamo, Cuba, que foi enviado para o Iraque em Agosto e Setembro para avaliar as operações de detenção.
Uma importante conclusão da visita de Miller, disse Pappas, foi "o uso de PMs dedicados no apoio aos interrogatórios".
Vários policiais militares e seus comandantes em Abu Ghraib disseram que os oficiais da inteligência militar os orientaram a "estabelecer as condições" para melhorar o interrogatório. Quando Taguba perguntou que salvaguardas existiam para assegurar que os guardas "compreenderam as instruções ou os limites das instruções, ou se as instruções eram legais", Pappas reconheceu que não havia nenhuma.
"Não havia como nós monitorarmos se isto aconteceu", disse Pappas para Taguba. "Nós não tínhamos um sistema formal em vigor para fazer isto."
"Não havia como nós monitorarmos se isto aconteceu", disse Pappas para Taguba. "Nós não tínhamos um sistema formal em vigor para fazer isto."
Pappas continuou: "Que eu saiba, não era costume dar instruções aos PMs, além das que mencionei, como acorrentamento, fazer os presos se despirem ou outras medidas usadas nos presos antes dos interrogatórios, a menos que houvesse bons motivos".
Planos individuais de interrogatório foram esboçados para cada preso e foram aprovados por Pappas ou seu vice, disse ele. Em cada caso, disse ainda, os planos seguiam a orientação contida nas regras de interrogatório que o general de exército Ricardo S. Sanchez, o mais alto comandante em solo no Iraque, aprovou em 12 de outubro.
Em seu relatório, Taguba concluiu que Pappas foi "responsável directa ou indirectamente" pelas ações daqueles que maltrataram e humilharam presos iraquianos.
Pappas é um veterano de 23 anos no Exército, que iniciou sua carreira militar após se formar em 1981 na Universidade Rutgers, onde fazia parte do programa de treino de oficiais da reserva. Ele assumiu o comando da 205ª Brigada de Inteligência Militar em Julho, depois da unidade estar no Iraque há mais de três meses, como parte da V Corps, que está baseada em Heidelberg, Alemanha.
Pappas recusou todos os pedidos de entrevista, incluindo um feito por intermédio de um porta-voz da V Corps do Exército, na Alemanha.
Ao optar por não designar os prisioneiros no Iraque como sendo combatentes ilegais, o governo Bush parece ter concluído que os procedimentos de detenção e interrogatório permitidos pela Convenção de Genebra eram adequados mesmo para supostos membros da Al Qaeda capturados no Iraque.
A Convenção determina proteções que incluem o monitoramento pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha. Os Estados Unidos disseram na preparação da guerra que ninguém capturado no Iraque seria enviado para a prisão americana em Guantánamo, que abriga supostos membros da Al Qaeda detidos no Afeganistão e em outros lugares, e nenhum foi de fato.
Tal nova abordagem é uma reversão profunda daquela que as autoridades do Pentágono descreveram após a fase principal da guerra no Iraque ter sido concluída. As autoridades americanas disseram que os milhares de prisioneiros no Iraque estavam passando por triagem para determinar quais seriam rotulados como combatentes ilegais. O governo Bush aplicou tal status aos membros da Al Qaeda de outros lugares e o empregou aqui para justificar a detenção por tempo indeterminado na base americana de Guantánamo, sob condições não sujeitas à Convenção.
O coronel Karl Goetze, o juiz defensor das forças da coligação no Iraque, disse em um briefing no Pentágono que os militares pretendiam separar os "combatentes ilegais" dos prisioneiros iraquianos que seriam tratados como prisioneiros de guerra.
"Os combatentes estrangeiros poderiam cair na categoria de combatentes ilegais", disse Goetze. Disse que esperava que apenas um pequena percentagem dos prisioneiros no Iraque seriam tachados de "combatentes ilegais", mas ele disse tambem: "Estes são os indivíduos que se levantaram, pegaram em armas, não as carregavam de forma aberta, não usavam uniformes; em outras palavras, empregavam táticas e técnicas que não estavam de acordo com a lei do combate armado".
Mas na segunda-feira, um alto oficial militar disse em uma mensagem por e-mail que "nenhuma pessoa no Iraque foi declarada combatente ilegal". Os prisioneiros iraquianos mantidos na prisão de Abu Ghraib, controlada pelos americanos, foram rotulados como presos de segurança. Em depoimento sobre o escândalo de maus-tratos a presos iraquianos lá, oficiais americanos disseram que os acordos de Genebra são "plenamente aplicáveis" a todos os prisioneiros detidos pelos Estados Unidos no Iraque.
Funcionários do governo Bush no Iraque referiam-se com freqüência à presença de combatentes ilegais entre aqueles que se opunham às forças americanas naquele país, mas nunca especificaram quantos combatentes estrangeiros estão sendo mantidos presos pelos Estados Unidos. Os funcionários americanos prometeram que todos os presos iraquianos seriam mantidos no Iraque, mas foram menos explícitos sobre se as mesmas regras se aplicavam aos estrangeiros.
Um alto funcionário do Departamento de Defesa diz que prisioneiros iraquianos de alto nível, mantidos em um local nos arredores do aeroporto de Bagdá, estavam agora sendo autorizados a ficarem até três horas ao ar livre, mais do que o Comitê Internacional da Cruz Vermelha observou e declarou em um relatório de fevereiro de 2004.
No relatório, o comitê da Cruz Vermelha disse que os cerca de 100 prisioneiros no local, designados como "presos de alto valor" pelos Estados Unidos, eram mantidos em isolamento por meses com até 23 horas por dia sem luz solar. O alto funcionário da Defesa disse que os representantes do comitê da Cruz Vermelha visitaram o local duas vezes desde Fevereiro, e pareciam satisfeitos com a forma como os prisioneiros, que incluíam Tariq Aziz e outros ex-conselheiros de Saddam Hussein, estavam sendo tratados.
O Grupo de Inspeção do Iraque, juntamente com outra agência que o funcionário não quis citar, está encarregado do interrogatório destes prisioneiros, acrescentando que as regras para sua detenção e interrogatório foram estabelecidas pelo Comando Central.
Soldado diz que fotografar abuso em Abu Ghraib era "engraçado"
do New York Times, 17/05/2004
Em depoimento sob juramento aos investigadores, a soldado Lynndie England explicou assim porque militares do presídio de Abu Ghraib tiraram fotos de detidos encapuzados se masturbando e formando pilhas de corpos nus: "Pensávamos que parecia engraçado e, portanto, as fotos foram tiradas".
O depoimento de England, feito recentemente, descreve em detalhes e num tom impessoal as fotografias agora no centro do escândalo sobre abusos na prisão, relatando os maus-tratos como rotineiros e algumas vezes divertido, mas quase nunca, segundo ela, sem permissão.
Ela explica como amarrou uma corda em volta do pescoço do detido e o forçou, junto com outros presos, a correr e a se arrastar pelo corredor por "cerca de quatro a seis horas"; como um soldado regularmente jogava uma bola em prisioneiros encapuzados "para assustá-los"; "como outro soldado chutava detidos até causar feridas abertas para então "pessoalmente costurar os pontos dos detidos se a ferida não estivesse tão ruim", segundo cópia do depoimento obtido pelo "New York Times".
Questionada se havia maltratado detidos, ela disse: "Sim, eu pisei alguns deles, empurrei-os ou puxei-os, mas nada extremo". "A foto 15 é basicamente nós nos divertindo", disse, sobre uma imagem com vários detidos nus em diferentes posições. "Ela queria uma foto porque havia escrito "sou um estuprador" em um dos detidos", disse England, apontando para duas fotos que, segundo ela, foram tiradas pela soldado Sabrina Harman.
Durante o depoimento, no entanto, England repete que ela e outros soldados eram ordenados a fazer essas coisas, argumento que tem sido apresentado pelos advogados de defesa e por outros soldados envolvidos. Grávida e lotada no Fort Bragg (Carolina do Norte), ela havia-se recusado a ser interrogada sem um advogado, mas concordou em falar posteriormente.
Medida secreta aprovada por Rumsfeld em 2003 avalizava torturas
Segundo a revista New Yorker, o escândalo que abalou os Estados Unidos não é o resultado das tendências criminosas de alguns soldados, mas de uma decisão aprovada por Rumsfeld no passado recente. "Façam dos prisioneiros o que quiserem", era a ordem. AFP, 15/05/2004
Leia também:
Seis dos réus no caso de abusos em Abu Ghraib já dormiram em uma mesma tenda em Bagdá. Mas nesta recentemente, enquanto se desenrolavam os processos militares mais importantes desde o Vietname, cada soldado lutava para explicar e justificar as evidências aparentemente irrefutáveis registadas em várias imagens perturbadoras, e apontavam dedos uns aos outros, minimizando seus papéis e responsabilizando o governo.
Uma ré, a especialista Megan M. Ambuhl, disse que foi apenas uma espectadora que tratou os presos iraquianos gentilmente, dando-lhes cópias do Alcorão e assegurando que suas refeições não contivessem carne de porco. O especialista Jeremy C. Sivits, em uma declaração para os investigadores, descreveu a conduta brutal do sargento Ivan L. Frederick II e do especialista Charles A. Graner Jr., que, por sua vez, o chamaram de mentiroso. E há o sargento Javal S. Davis. Seu advogado, Paul Bergrin, acusa que o sargento sofreu abuso por parte do governo, por interrogá-lo por 20 horas ininterruptas após ele ter trabalhado um turno de 60 horas em Abu Ghraib..—.New York Times, 16/05
==Mundo reage com indignação
A imagem de uma soldado norte-americana puxando por uma coleira um prisioneiro iraquiano nú, fez aumentar as críticas aos Estados Unidos, com muitos pedindo a renúncia do secretário de Defesa Donald Rumsfeld.
A foto da soldado, reservista Lynndie England, 21 anos, apareceu nas primeiras páginas de jornais de todo o mundo. "Nenhum filme de sadismo poderia superar o dano dessa imagem", escreveu o repórter Robert Fisk, no britânico "The independent".
O escândalo dos prisioneiros deixou atónito Boris Johnson, um parlamentar do Partido Conservador britânico que apoiou a guerra: "Como pôde o Exército norte-americano ser tão grosseiro, tão arrogante, tão brutal para comportar-se dessa forma? As tropas de lixos criados em trailers disseram que não tinham idéia do que estavam fazendo. Eles não tinham nem consciência da existência das Convenções de Genebra. Eles não tinham nenhuma ordem para obedecer, apenas vagas instruções".
"Foi essa a operação pela qual votei? Eu realmente acreditei, quando a Câmara dos Comuns votou pelo apoio à ação norte-americana em 18 de Março de 2003, que ela seria executada com tamanha estupidez?"
Alguns pediram a saída dos Estados Unidos do Iraque. "Está claro que os Estados Unidos e seus aliados não podem entregar paz e estabilidade", disse Michael Higgins, porta-voz do oposicionista Partido Trabalhista da Irlanda. "As Nações Unidas têm de assumir o controle directo dos esforços para a restauração da paz e garantir a reconstrução do Iraque". Veja mais sobre este artigo aqui.
Medida secreta aprovada por Rumsfeld em 2003 avalizava torturas
Segundo a revista New Yorker, o escândalo que abalou os Estados Unidos não é o resultado das tendências criminosas de alguns soldados, mas de uma decisão aprovada por Rumsfeld no passado recente. "Façam dos prisioneiros o que quiserem", era a ordem. AFP, 15/05/2004
Leia também:
Guardas acusados tentam transferir culpa.—.16/05/2004
O desonesto Larry Rother e seu jornal desgovernado.—.Argemiro Ferreira, 16/05/2004
As torturas infligidas por soldados americanos a presos iraquianos na prisão de Abu Ghraib foram avalizadas por uma medida aprovada em segredo em 2003 pelo secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, revelou a revista New Yorker, em matéria que será posteriormente publicada. O autor da matéria, Seymour Hersh, sustentou que o escândalo que abalou os Estados Unidos "não é o resultado das tendências criminosas de alguns soldados, mas de uma decisão aprovada por Rumsfeld no ano passado".
Esta medida tinha como objetivo "estender os limites de um programa altamente secreto para hostilizar a rede Al-Qaeda durante os interrogatórios dos prisioneiros no Iraque", afirmou Hersh, citando oficiais da Inteligência, activos e aposentados. Estes oficiais revelaram ao jornalista que o programa "incentivava a repressão física e as humilhações sexuais contra presos iraquianos para obter mais informações sobre a crescente insurreição no Iraque". "Façam dos prisioneiros o que quiserem", era a ordem de missão dos militares encarregados dos interrogatórios, segundo as fontes citadas pela revista.
A medida foi elaborada pelo subsecretário da Defesa para a Inteligência, Stephen Cambone, e aprovada por Rumsfeld logo em seguida. "A resolução ratificada por Rumsfeld e aplicada por Cambone era inclusive mais dura com os iraquianos suspeitos de fazer parte da insurreição", escreveu Hersh. O jornalista citou o general Geoffrey Miller, comandante do centro de detenção e interrogatórios da base naval americana de Guantánamo, Cuba, que chegado a Bagdá.
Segundo o New Yorker, o oficial teria recomendado 'guantanamizar' o sistema de prisões no Iraque. No entanto, a revista destaca que Rumsfeld e Cambone "foram mais longe", ao autorizar métodos "não convencionais" na prisão de Abu Ghraib, como o recurso a humilhações sexuais. "O método funciona. Conseguimos informações interessantes", teria dito Cambone, segundo Hersh. Via Jornal do Brasil.
Guardas acusados tentam transferir culpa Esta medida tinha como objetivo "estender os limites de um programa altamente secreto para hostilizar a rede Al-Qaeda durante os interrogatórios dos prisioneiros no Iraque", afirmou Hersh, citando oficiais da Inteligência, activos e aposentados. Estes oficiais revelaram ao jornalista que o programa "incentivava a repressão física e as humilhações sexuais contra presos iraquianos para obter mais informações sobre a crescente insurreição no Iraque". "Façam dos prisioneiros o que quiserem", era a ordem de missão dos militares encarregados dos interrogatórios, segundo as fontes citadas pela revista.
A medida foi elaborada pelo subsecretário da Defesa para a Inteligência, Stephen Cambone, e aprovada por Rumsfeld logo em seguida. "A resolução ratificada por Rumsfeld e aplicada por Cambone era inclusive mais dura com os iraquianos suspeitos de fazer parte da insurreição", escreveu Hersh. O jornalista citou o general Geoffrey Miller, comandante do centro de detenção e interrogatórios da base naval americana de Guantánamo, Cuba, que chegado a Bagdá.
Segundo o New Yorker, o oficial teria recomendado 'guantanamizar' o sistema de prisões no Iraque. No entanto, a revista destaca que Rumsfeld e Cambone "foram mais longe", ao autorizar métodos "não convencionais" na prisão de Abu Ghraib, como o recurso a humilhações sexuais. "O método funciona. Conseguimos informações interessantes", teria dito Cambone, segundo Hersh. Via Jornal do Brasil.
Por Adam Liptak, Michael Moss e Kate Zernike para o NYT
Seis dos réus no caso de abusos em Abu Ghraib já dormiram em uma mesma tenda em Bagdá. Mas nesta recentemente, enquanto se desenrolavam os processos militares mais importantes desde o Vietname, cada soldado lutava para explicar e justificar as evidências aparentemente irrefutáveis registadas em várias imagens perturbadoras, e apontavam dedos uns aos outros, minimizando seus papéis e responsabilizando o governo.
Uma ré, a especialista Megan M. Ambuhl, disse que foi apenas uma espectadora que tratou os presos iraquianos gentilmente, dando-lhes cópias do Alcorão e assegurando que suas refeições não contivessem carne de porco. O especialista Jeremy C. Sivits, em uma declaração para os investigadores, descreveu a conduta brutal do sargento Ivan L. Frederick II e do especialista Charles A. Graner Jr., que, por sua vez, o chamaram de mentiroso. E há o sargento Javal S. Davis. Seu advogado, Paul Bergrin, acusa que o sargento sofreu abuso por parte do governo, por interrogá-lo por 20 horas ininterruptas após ele ter trabalhado um turno de 60 horas em Abu Ghraib..—.New York Times, 16/05
==Mundo reage com indignação
Tribuna da Imprensa, 08 de maio, 2004
A imagem de uma soldado norte-americana puxando por uma coleira um prisioneiro iraquiano nú, fez aumentar as críticas aos Estados Unidos, com muitos pedindo a renúncia do secretário de Defesa Donald Rumsfeld.
A foto da soldado, reservista Lynndie England, 21 anos, apareceu nas primeiras páginas de jornais de todo o mundo. "Nenhum filme de sadismo poderia superar o dano dessa imagem", escreveu o repórter Robert Fisk, no britânico "The independent".
O escândalo dos prisioneiros deixou atónito Boris Johnson, um parlamentar do Partido Conservador britânico que apoiou a guerra: "Como pôde o Exército norte-americano ser tão grosseiro, tão arrogante, tão brutal para comportar-se dessa forma? As tropas de lixos criados em trailers disseram que não tinham idéia do que estavam fazendo. Eles não tinham nem consciência da existência das Convenções de Genebra. Eles não tinham nenhuma ordem para obedecer, apenas vagas instruções".
"Foi essa a operação pela qual votei? Eu realmente acreditei, quando a Câmara dos Comuns votou pelo apoio à ação norte-americana em 18 de Março de 2003, que ela seria executada com tamanha estupidez?"
Alguns pediram a saída dos Estados Unidos do Iraque. "Está claro que os Estados Unidos e seus aliados não podem entregar paz e estabilidade", disse Michael Higgins, porta-voz do oposicionista Partido Trabalhista da Irlanda. "As Nações Unidas têm de assumir o controle directo dos esforços para a restauração da paz e garantir a reconstrução do Iraque". Veja mais sobre este artigo aqui.
2 comentários:
É preciso levar estes miseráveis a um tribunal INDEPENDENTE e aplicar-lhes as respectivas penas. Executores e seus superiores.
Juntam-se aqui dois postes de épocas diferentes mas os principios éticos e morais são os mesmos.
IMPUNIDADE!!!!!!!!
Quando li o sobre a PIDE-DGS, lembrei-me do que se falou na altura sobre a negociação da rendição da direcção da policia politica fascista.
Diziam eles, que iria fazer muita falta os seus serviços à democracia e assim, ofereciam os seus préstimos à JSN.
Engraçado como os mais ferozes perseguidores da democracia, pretendiam continuar a sevir-se dela, para prolongar as suas actividades criminosas.
É necessário nunca esquecer para salvaguardar o futuro das novas gerações.
Estarão todos na reforma?
J.Amado
Enviar um comentário