14 abril 2011

INTRODUÇÃO DE UM ESCRITO FUTURO

" DA GUERRA NUNCA SE VOLTA " 

Trata-se de uma súmula do livro com o mesmo título, em preparação, e de um outro já publicado : GUERRA COLONIAL, A MEMÓRIA MAIOR QUE O   PENSAMENTO. Pretende-se, como o subtítulo evoca, assinalar os 50 anos  do início da Guerra Colonial e os 37 da Revolução de Abril.

    Índice dos Capítulos :

             1. INTRODUÇÃO
             2. O COLONIALISMO COM OS DIAS CONTADOS
             3. A LUTA DE LIBERTAÇÃO EM ÁFRICA
             4. A COLONIZAÇÃO DA GUINÉ
             5. A LENDA DO MONOMOTAPA
             6. A COLONIZAÇÃO DE MOÇAMBIQUE
             7. A CHEGADA DOS PORTUGUESES A ANGOLA
             8. A COLONIZAÇÃO DE ANGOLA I
             9  A ESCRAVATURA E O CAPITALISMO
            10. A COLONIZAÇÃO DE ANGOLA II
            11. NAS VÉSPERAS DA LUTA DE LIBERTAÇÃO
            12. ANGOLA, 4 DE FEVEREIRO DE 1961


 
      " DA GUERRA NUNCA SE VOLTA "

   [ NOS 50 ANOS DO INÍCIO DA GUERRA COLONIAL , NOS 37 ANOS DA REVOLUÇÃO DE ABRIL ]


      INTRODUÇÃO

       Rosa de sangue em ferida aberta, perene, definitiva…Da guerra nunca se volta !
       Cinquenta anos é muito tempo para a limitada vida humana, um pequeno lapso na Historia da Humanidade, um raio de luz na incomensurável dimensão do espaço-tempo da vida telúrica do planeta.
       È tempo suficiente todavia, para conhecer em toda a dimensão a tragédia individual e colectiva que foi a Guerra Colonial, travada por Portugal contra os povos das colónias de Angola, Guiné e Moçambique, de  1961 a 1974.
      Mais de um milhão de portugueses trazem no coração e na memória (alguns milhares no próprio corpo ! ), as recordações dos sacrifícios, das misérias, das desgraças, do sangue e da morte, que marcaram de forma indelével a vida de quem por lá passou. Como também a vida dos milhões de familiares que sofriam no silêncio vigiado da ditadura, na Pátria agrilhoada, as penas da separação e da perda.
       Vão aparecendo as imagens, as fotos, as palavras que dão a dimensão do drama, em documentários, em livros, em blogues, na televisão. Os olhos marejam-se de lágrimas do mar salgado que levava um mês a atravessar até ao outro lado do mundo que diziam ser nosso, mas onde só íamos encontrar miséria, exploração, morte.
      Há infinitamente mais para contar, para clarificar, para compreender dessa tragédia nacional que durante 13 anos roubou a juventude aos homens, a alegria às mulheres, a dignidade à Pátria, o futuro ao País (quase 50 mil mortos, estropiados e feridos graves ). È preciso esgaravatar no fundo do coração e da alma dos homens tristes, indignificados, com síndromes e sequelas terríveis, que o tempo não resolve. Só assim farão a paz com a vida, ajudando simultaneamente a Pátria a encontrar-se com a sua História. Que tem de ser feita com profundidade, com coragem, sem embustes ou verdades convenientes.
      Sobretudo sem branquear as questões fundamentais que  arrasam Portugal desde esses tempos de tirania e fascismo, e que depois de um breve hiato de esperança e transformação revolucionária ( 25 de Abril dos militares patriotas com o povo ! ), voltaram a afundar-nos no atraso, na indigência, na injustiça social pela riqueza  obscenamente mal repartida.
      È na década perdida de 60 do século XX, que radica o nosso atraso estrutural, a distrofia financeira de um regime simultaneamente colonizador e colonizado, com uma economia de capital monopolista de grandes grupos que se serviam e nunca serviram a Nação! Paradoxalmente, são os negócios de guerra e as remessas dos emigrantes que lhe dão uma relativa dinâmica, nesses tempos a que os apóstatas do sistema ( as camadas possidentes e beneficiárias ) chamam de “anos de ouro”.
      Cinquenta anos depois o mesmo sistema capitalista de sempre, e o mesmo tipo de políticos seguidistas e comprometidos com o capital, arrasam a economia nacional, empobrecem os portugueses, hipotecam a soberania e o futuro, põem-nos outra vez na cauda da Europa.
      Com o congelamento e o corte nas pensões, com o aumento dos impostos, com a degradação dos cuidados sociais e de saúde, a geração da guerra fica mais longe da dignidade, da superação dos traumas, da cura dos síndromas. Agrava-se a tristeza de ver os filhos e os netos sem futuro, sem alegria, outra vez a caminho da emigração, alguns até nos trilhos de sangue de outras guerras.
      Esta não é, não pode ser uma má sina de Portugal. É preciso que o povo português se levante e diga não, e, como há 37 anos , ajude a mudar a História!

                                                  Barreiro, 11 de Abril de 2011
     
                                                    Armando de Sousa Teixeira

Sem comentários: