O cenário repetiu-se ano após ano.
O ditador Oliveira Salazar, seguido por Marcelo Caetano, por incapacidade e morte daquele, elegeu o Terreiro do Paço (em Lisboa) como palco das comemorações do Dia de Portugal, que serviam de exaltação da guerra colonial.
Mães e viúvas choravam, crianças de olhar vazio ficavam ao peito com a medalha do pai que nunca mais voltaria e algumas nem sequer tinham chegado a conhecer.
Os discursos sucediam-se, como uma missa cantada, enaltecendo a estratégia do regime fascista, falava-se de pátria, de dever a cumprir, de gesta, para justificar toda a barbaridade colonial, a fome e a sangria da juventude portuguesa.
A 10 de Junho de 1966, com as varandas da Praça do Comércio engalanadas, o vice-reitor da Universidade de Coimbra, Miranda Barbosa, proclamava no seu discurso:
« Se a Índia não pôde salvar-se com a espada da justiça, não poderá salvar-se Portugal em África sem a justiça da espada ».
Viu-se. Passados alguns anos, a justa luta dos Movimentos de Libertação, lutando pela independência dos seus povos, contribuíram também para a queda do fascismo e colonialismo em Portugal.
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